Meu passageiro adoeceu... E agora? - Por Tati Colledan

Essa é a última coluna de 2014 da Tati Colledan, e para fechar com chave de ouro, vamos acompanhar mais alguns imprevistos que um guia de turismo passa para que a viagem dos passageiros saia assim como sempre sonhou, e mostra que quem quiser seguir essa profissão deve estar sempre pronto a resolver problemas.

Tati, é com você, e até o ano que vem!!!



Para fechar a coluna de 2014, decidi contar mais dois casos que enfrentei quando trabalhava como guia de turismo, complementando o último artigo que falava sobre os muitos imprevistos aos quais um guia está sujeito quando sai com um grupo.

Uma ocasião, no final da viagem de um grupo, já em Miami, saímos para um passeio pelo Shopping Bayside em Downtown. Fomos à pé mesmo, pois estávamos hospedados no antigo Hotel Dupont Plaza, bem próximo ao shopping. Todos haviam tomado café da manhã no hotel e saímos por volta das dez horas, caminhando todos juntos em direção ao Bayside. Num dado momento, uma adolescente do meu grupo veio até mim e disse que não se sentia bem. Ela estava realmente bastante pálida e suando frio. Comuniquei ao grupo que ficariam com minha auxiliar no shopping e eu voltaria ao hotel com a menina, onde poderíamos chamar um médico (volto a ressaltar a extrema importância de um seguro de viagem!!). Disse a ela que chamaria um táxi, mas, ela disse que estávamos muito próximo ao hotel e ela teria condição de ir andando. Chegamos ao hotel e assim que entramos no elevador, antes mesmo das portas se fecharem, ela desmaiou! Consegui segurá-la e impedir que as portas se fechassem. Imediatamente, um segurança que passava pelo lobby veio nos ajudar. Ela foi levada na maca do hotel para o quarto dela e dois minutos depois que chegamos ao apartamento, começamos a ouvir sirenes diferentes. O segurança nos informou que havia chamado o serviço de emergência dos EUA (911) e que aquele “barulho”, era o socorro chegando. Olhei da janela para baixo e lá estava parando um carro de polícia, uma ambulância e uma viatura do corpo de bombeiros. Praticamente uma cena de filme americano! O hotel, literalmente, parou e em pouquíssimo tempo, todos sabiam que a hóspede brasileira havia sofrido um desmaio no elevador. Os paramédicos foram incríveis! Nunca tinha visto nada igual até aquele dia! Eram em três e, enquanto um fazia perguntas, o outro verificava as funções vitais da menina (que a esta hora estava bem acordada!) e um terceiro anotava tudo. Por ela ser menor de idade (em relação ao Brasil e mesmo em relação ao Estado da Flórida!), milhares de perguntas foram feitas à mim também pelo policial que também estava dentro do quarto, junto a um soldado do corpo de bombeiros. Ela teve uma desidratação e uma queda de pressão por conta do forte calor do verão e por não ter se alimentado direito (ela contou aos médicos que estava em uma dieta “por conta dela”, pois não queria engordar na viagem!). Foi medicada e quando o grupo voltou do shopping a movimentação ainda era intensa no hotel. No fim, como com adolescentes tudo é motivo de festa e diversão, tiraram fotos com os profissionais que atendiam a menina e nas viaturas estacionadas na porta do hotel... 

Num outro grupo também passei por uma situação bastante delicada com passageiro doente. Sempre saíamos com uma ficha médica de nossos passageiros menores de idade que viajavam desacompanhados, onde constavam as principais informações de saúde de cada um deles. Neste grupo, havia uma menina em cuja ficha constava que sofria de asma, porém, totalmente controlada, sem qualquer problema frequente. Porém, procurava sempre observar. Naquela época, tínhamos uma médica que passava toda a temporada de Julho em Orlando e atendia todos os grupos da empresa. Uma pessoa muito gentil mesmo e atenciosa. Um final de tarde, ao voltarmos de Sea World, o grupo todo foi para a piscina do hotel e esta menina subiu para o quarto junto com a irmã. Disse que estava cansada e queria tomar um banho e descansar. Claro que já fiquei atenta e pronta a telefonar em alguns instantes. Mas, acabou nem dando tempo. A irmã dela veio correndo atrás de mim, dizendo que a menina estava passando mal com crise de asma. Cheguei ao quarto dela e ela estava com a respiração um pouco ofegante. De lá mesmo liguei para a Dra. Simone que chegou em poucos minutos ao hotel. Assim que ela examinou a menina, disse que deveríamos ligar para o seguro. Ela mesma fez a ligação, explicou qual era o problema e o médico já chegou ao hotel com uma ambulância, visto a seriedade da situação dela. Ele a examinou, aplicou um medicamento e disse que deveríamos seguir com ela ao hospital. Explicou que não ficaria internada, mas, que ela precisaria fazer um procedimento para desobstruir as vias aéreas, que provavelmente haviam sido comprometidas pelo constante choque térmico do sol escaldante do verão, com o ar condicionado e os gelados. Comuniquei minha coordenação o que estava acontecendo (incrível como os rádios quebravam grandes galhos para nós e agilizavam a comunicação naquela época!!!), deixei o grupo sob os cuidados da minha auxiliar, e seguimos em ambulância para o Sand Lake Hospital. Não demoramos mais que três horas no hospital para que fosse feito o que ela precisava e ela pudesse ser liberada, e saímos de lá com ela respirando muito melhor. 

Sempre falo aos novos guias de turismo e para aqueles que pensam em trabalhar com esse segmento incrível, que as principais “ferramentas” para o sucesso deste trabalho são o equilíbrio e o jogo de cintura para administrar qualquer tipo de situação que possa surgir, independente de você já tê-la enfrentado ou não. Como dizia, sabiamente, Walt Disney: “decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução!”

Despeço-me deste ano de 2014, agradecendo primeiramente a Deus por ter me ajudado a chegar até aqui, ao querido Fábio, por ter aberto as portas do Orlando+ às minhas histórias, e a cada um de vocês que nos acompanharam durante todo este ano, história após história. Deixo também uma frase bastante significativa para que todos possamos refletir neste final de ano:

“Um coração solidário bate muito melhor e mais forte que um coração solitário. Com qual deles você quer enfrentar o Ano Novo?”

Um forte abraço a todos!

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2 comentários:

  1. Adorei!!! Como é bom saber que pessoas como vc fazem a diferença!!!!
    Comprometida, responsável e dedicada em tudo que faz!
    Deus abençoe vc e que vc continue abençoando a vida das pessoas que estão a sua volta!!!
    Quando for a Disney quero ir com vc amiga!!!

    beijo grande

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