A entrevistada dessa semana, Ingra Cobra, trabalhou como cast member na Disney na função de Merchandise e aceitou compartilhar com os leitores do Orlando+ um pouco de como foi essa experiência.
Não deixe de conferir!
Seja bem vinda, gostaria de agradecer em nome do Orlando+ por aceitar participar dessa entrevista. Teremos como assunto principal sua experiência em um CEP.
Conte um pouco sobre você e como foi sua experiência como Cast Member:
Eu faço publicidade, nunca tinha ido pra Disney e nem sabia que era dividida em 4 parques. Fui perdida. Minha role era merchan, mas minha work location foi muito além de qualquer coisa que eu poderia esperar. Como eu não conhecia a Disney eu não fazia ideia, nem entedia a empolgação das pessoas quando me contaram. Uns dias antes do embarque um pessoal estava vendo pra gente nossa work location. Foi mais ou menos assim:
- Ingra Roeffero, Downtown Disney... - “Que droga”, eu pensei.
... The Bibbidi Bobbidi Boutique.
Como surgiu o desejo de se tornar um Cast Member?
Depois da primeira palestra... Essa é a segunda maior lavagem cerebral da vida de um CM. A primeira é o Traditions.
Como foi o processo de seleção?
Minha mãe me mandou o link pra inscrição, depois fiz tudo escondida. Ela se esqueceu disso e só contei depois da última entrevista, ninguém sabia. Acredito no fluxo de energias, além do que já tinha muita expectativa em mim (de mim mesma), então pra mim quanto menos gente soubesse, melhor. A palestra foi brainwash, na primeira entrevista eu gaguejei, falei “né?”, falei português e fiquei de stand by (lista de espera). Mas não foi por nada disso. Falei que não queria responsabilidade (minha resposta pra “por que sua última role é lifeguard?”) e foi isso que me colou de stand by, não foi o nervosismo, nem o português, nem o “né?”. Depois, meu visto deu “problema”, minha dashboard deu problema, o proof deu problema, o vôo deu problema. O Mackenzie não assinava o proof (fomos atrás da Rosana - responsável pela STB - no hotel, mandamos mil cartas para o decano, quase enfartei várias vezes), meu passaporte chegou poucos dias antes da viagem, etc, etc. Foi angustiante. Meus documentos estavam prontos e com cópias em branco (por “vai que...”) mil anos antes da viagem (inclusive quem quiser ajuda com isso, pode me procurar), morri de ansiedade, fiquei insuportável e quase tive vários troços. Calma que passa.
Quais funções você desempenhava?
PIXIEDUSTING! Cuidava do caixa e fazia stocking, onstage e no backtage. No backstage era basicamente pegar os vestidos passados e colocar nas araras e onstage era pra encher as “torres” (carrinhos onde ficavam os produtos) com aplique de cabelo, esmalte, maquiagem. E pixiedusting.
Em resumo, como era o seu dia a dia? (horário em que acordava, horário de trabalho, o que fazia, retorno, etc)
A primeira impressão sobre trabalhar em Downtown Disney não foi boa (porque queria ficar em parque), mas no dia-a-dia era bastante conveniente. Eu morava no condomínio Vista, então pegar ônibus era fácil e era o primeiro condomínio em que ele parava na volta (o que é sempre bom depois de um dia de trabalho). Eu acordava cedo porque a butique abria às 9h (o shift começava às 8 ou 8:30h). Em shift matutino, íamos até às 13/14hr e o outro, que começava às 14h, ia até às 21h, horário em que a butique fecha. Resumindo, meu horário era ótimo porque não tinha loucura em relação a horário. Mesmo nos dias em que eu abria e fechava a butique (porque pegava shift extra) o horário era ótimo. Sabia que às 21h eu daria clock out (saída do trabalho), sem aquela loucura de estender ou trabalhar de madrugada. No começo trabalhei muito, fazia 13hr por dia direto, pegava shift extra em day off (dia de folga), e não parava pra nada. Mais para o final resolvi aproveitar melhor, e apesar de não me arrepender de ter trabalhado tanto, aproveitar os parques é a melhor parte. Durante os três meses fui só 2 vezes no Animal e 3 no Hollywood. Saibam aproveitar! E se programem, não consegui ir ao Be Our Guest por falta de planejamento, essas coisinhas.
O que você considera melhor e o que considera pior em sua experiência?
A melhor parte foi estar no meio da magia. Minha work location foi incrível pra isso, acho que não poderia ter sido melhor. Um dos momentos mais mágicos do programa foi o shift que eu peguei no Castelo, onde fica a outra Bibbidi Bobbidi. Vivia rodeada de princesinhas lindas e presenciava magical moments todos os dias, por todo lado. Uma das melhores partes é também a liberdade de poder ir sempre aos parques, acho que é disso que mais sinto falta. Mas sem dúvida o melhor de tudo foram as pessoas. Ainda bem que elas continuam na nossa vida.
Você teve ou propiciou algum Magical Moment? Pode nos contar como foi?
Sim, na butique e também fora, coisinhas pequenas tipo dar um primeiro fanatic, um pin especial ou uma garrafinha do Stitch, deixar coisas na mochila e nos armários das pessoas. Mas gosto mais de falar dos muitos que eu presenciei. Por exemplo, no último dia um amigo me deu fastpass pra Seven Dwarfs (eu não tinha conseguido ir ainda e por causa dele eu fui, 5 minutos antes de fechar o parque). Nesse mesmo dia entrei na butique do castelo depois de fecharem, tinha senha pra entrar e eu só ouvi a senha uma vez, nunca usei, mas lembrei e fiquei lá sozinha antes de ir embora. Coisas pequenas, mas mágicas assim, aconteciam todos os dias.
Uma vez que deram um button com pixie dust (só quem passava na butique conseguia isso) pra uma princesinha. Ela inventou que quem tocasse no button poderia fazer um desejo e ficou na porta da butique falando pra todos que passavam: “Touch my button, you get to make a wish!”. Teve também a visita de uma princesa que tinha feito quimioterapia há pouco tempo. O cabelo dela era curto, então não daria pra fazer penteado. Tentei de tudo, até que uma fada-madrinha com mais experiência conseguiu fazer o cabelo dela com aplique. O pai ficou super emocionado, e era brasileiro, ou seja, conversou bastante comigo. Me segurei muito pra não chorar onstage naquele dia.
Em um outro dia, peguei ônibus de guest pra ir ver o Wishes depois do meu shift. Uma princesinha toda descabelada, bochechuda e com rosto pintado de tigre sentou do meu lado (do nada) e começou a puxar papo. Me contou várias coisas, como o nome do dinossauro (dinossaura) roxo dela, que era Wishes porque “ela é linda como os desejos”. Foi uma conversa inacreditável, lembro de admirar a sabedoria da garotinha que tinha só 5 anos e um coração imenso. Quando ela desceu ainda falou “I hope I’ll see you again, I’ll never forget you!”. Eu também não.
Vivi muitas coisas pequenas, mas tão mágicas, por causa das pessoas, como um Wishes que eu assisti da casa da árvore no Magic. As coisas simples tomam uma dimensão enorme por causa das pessoas que estão lá com a gente, e cada detalhe de repente é muito especial.
Qual a grande lição que você tirou da experiência de trabalhar na Disney?
O coração aponta o caminho. E se seguirmos o que ele diz, nunca será uma escolha da qual iremos nos arrepender.
Ter trabalhado na Disney lhe dá uma visão diferente dos parques? Se você os visitasse hoje, enxergaria com outros olhos?
Eu não tinha ido à Disney antes. A primeira vez que vi o Mickey ele estava digamos que desprevenido. Então não tenho outra visão pra comparar, mas sei que vou voltar e olhar as entradas pro backstage, detalhes que só cast members conhece e tal. E posso dizer, Disney me deu uma visão diferente de tudo.
Que dica você daria para quem deseja tornar-se um Cast Member?
Acredite. Se der errado, tente de novo. Então acredite com o coração. É mais que falar em voz alta, é sentir dentro do peito. Siga teu coração e vá pra onde ele quiser ir, mesmo que demore, que seja difícil ou até que pareça errado, mesmo que seja o caminho “com mais curvas”, igual em Pocahontas. É o caminho certo.
Conte-nos alguma situação curiosa ou engraçada que vivenciou durante seu CEP:
Persegui muitas Rapunzéis e Cinderellas que saíram sem pagar (a reserva era feita com cartão e muitos achavam que já tinham pago). Fazer pixiedusting é algo que eu poderia falar sobre por horas e horas. Todos os dias eu ficava ansiosa pelo fim do expediente porque eu sabia que ia sobrar um tempinho pra espalhar magia e brilho por aí.
Estamos chegando ao fim de nossa entrevista, gostaria de deixar algum recado para nossos leitores?
Segue teu coração! Se tiver medo, vai com medo e tudo. Sair da nossa zona de conforto é o que faz a vida valer a pena. E friozinho na barriga é a melhor prova de que estamos vivos. Sigam seus sonhos! Dizem que quando a gente sonha, a razão dorme e o coração acorda.
May all your wishes come true, bibbidi, bobbidi… Boo!
A Ingra é dona de um blog que trata de assuntos com o programa de intercâmbio, marketing e tem muito conteúdo bacana, o Truque do Rato, não deixe de conferir!
A Ingra é dona de um blog que trata de assuntos com o programa de intercâmbio, marketing e tem muito conteúdo bacana, o Truque do Rato, não deixe de conferir!
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